Catequistas de Conquista

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Família, Santuário da Vida


O Papa João Paulo II chama a família de “ Santuário da vida” (CF, 11). Santuário quer dizer “lugar sagrado”. É ali que a vida humana surge como de uma nascente sagrada, e é cultivada e formada. É missão sagrada da família, guardar, revelar e comunicar ao mundo o amor e a vida. 

O Concílio Vaticano II já a tinha chamado de “a Igreja doméstica” (LG, 11) onde Deus reside, é reconhecido, amado, adorado e servido; e ensinou que: ´A salvação da pessoa e da sociedade humana estão intimamente ligadas à condição feliz da comunidade conjugal e familiar´ (GS, 47). 

 Jesus habita com a família cristã nascida no Sacramento do matrimônio. A sua presença nas Bodas de Caná da Galiléia significa que o Senhor ´quer estar no meio da família´, ajudando-a a vencer todos os seus desafios. 
Desde que Deus desejou criar o homem e a mulher “à sua imagem e semelhança” (Gen 1,26), Ele os quis “em família”. Tal qual o próprio Deus que é uma Família em três Pessoas divinas, assim também o homem, criado à imagem do seu Criador, deveria viver numa família, numa comunidade de amor, já que “Deus é amor” (1 Jo 4,8) e o homem lhe é semelhante.

Na Carta às Famílias, que o Papa João Paulo II escreveu em 1994, afirma que: “Antes de criar o homem, o Criador como que reentra em si mesmo para procurar o modelo e a inspiração no mistério do seu ser ...”(CF, 6). Todos os seres criados, exceto o homem, já nascem dotados de tudo o que precisam para se tornarem completos na sua natureza. Conosco é diferente; pois Deus nos quis semelhantes a Ele e construtores do nosso próprio futuro. É o que Deus disse ao casal: “Crescei, multiplicai, e dominai a terra”. (Gen 1,28) Na visão bíblica, homem e mulher são chamados a, juntos, continuar a ação criadora de Deus, e a construção mútua de ambos. Só ao casal humano dá a inteligência para ver, a liberdade para escolher, a vontade para perseverar e a consciência para ouvir continuamente a Sua Voz. Esta é a alta dignidade que Deus confere à criatura feita à sua imagem. Para corresponder a esta grandeza dada pelo Criador, o homem deve viver a sua liberdade com responsabilidade. Ao falar da família no plano de Deus, o Catecismo da Igreja Católica (CIC), diz que ela é “vestígio e imagem da comunhão do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Sua atividade procriadora e educadora é o reflexo da obra criadora do Pai” (CIC, 2205). Essas palavras indicam que a família é, na terra, a marca (“vestígio e imagem”) do próprio Deus, que, através dela continua a sua obra criadora. A família é divina; isto é, foi instituída por Deus.

O futuro da sociedade e da Igreja passam  por ela. É alí que os filhos e os pais devem ser felizes. Quem não experimentou o amor no seio do lar, terá dificuldade para conhecê´lo fora dele. “A família é a comunidade na qual, desde a infância, se podem assimilar os valores morais, em que se pode começar a honrar a Deus e a usar corretamente da liberdade.
A vida em família é iniciação para a vida em sociedade” (CIC, 2207). O Concílio Vaticano II definiu a família como “íntima comunidade de vida e de amor” (GS, 48). Este é o projeto maravilhoso de Deus ao desejar que a humanidade existisse neste nosso mundo, em família. Ela é o modelo de vida que o Senhor Deus quis para o homem na terra. Se destruirmos a família, destruiremos a sociedade. Por isso, é fácil perceber, cada vez mais claramente, que os sofrimentos das crianças, dos jovens, dos adultos e dos velhos, têm a sua razão na destruição dos lares. As mazelas de nossa sociedade, especialmente as que se referem aos nossos jovens: crimes, roubos, assaltos, sequestros, bebedeiras, drogas, enfim, os graves problemas sociais que enfrentamos, têm a sua razão mais profunda na desagregação familiar que hoje assistimos, face à gravíssima decadência moral da sociedade. Como será possível, num contexto de imoralidade, insegurança, ausência de pai ou mãe, garantir aos filhos as bases de uma personalidade firme e equilibrada, e uma vida digna, com esperança? Fruto do permissivismo moral e do relativismo religioso de nosso tempo, é enorme a porcentagem dos casais que se separam, destruindo as famílias e gerando toda sorte de sofrimento para os filhos. Muitos crescem sem o calor amoroso do pai e da mãe, carregando consigo essa carência afetiva para sempre.

Ninguém jamais destruirá a força da família por ser ela uma instituição divina. A família foi instituída por Deus.Para vislumbrar bem a sua importância, basta lembrar que o Filho de Deus, quando desceu do céu para salvar o homem, ao assumir a natureza humana, quis nascer numa família. “Na plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho ao mundo nascido de uma mulher ...”(Gal 4,4). Jesus na terra, quis ter uma família, viveu nela trinta anos. Isto é muito significativo. Com a sua presença na família ele sagrou todas as famílias. Conta-nos São Lucas que após o seu encontro no Templo, eles voltaram para Nazaré, “e Ele lhes era submisso” (Lc 2,51). Vemos assim que a família é “um projeto de Deus”. Como Jesus deveria “assumir tudo que precisava ser redimido”, como diziam os Santos Padres, Ele começou assumindo o seu papel humano numa família, para santificá´la e remi´la. Assim se expressou o Papa João Paulo II: ´O Filho unigênito, consubstancial ao Pai, ´Deus de Deus, Luz da Luz´, entrou na história dos homens através da família´(CF,2). É muito significativo ainda que ”o primeiro milagre” tenha sido realizado nas bodas de Caná (Jo 2); onde nascia uma família. Tendo faltado o vinho na festa, sinal da alegria, Ele transformou água em vinho, a pedido de sua Mãe ´ 600 litros de água em vinho da melhor qualidade.

 “Essa é a missão da família: dar lugar a Jesus que vem, acolhê-Lo na família, na pessoa dos filhos, do marido, da esposa e dos avós. Jesus está ali, acolham-nO! Que o Senhor nos dê essa graça”, pediu Francisco.
O grande dom que é a família. “Jesus nasce em uma família. Ele podia vir espetacularmente, como um imperador, mas vem como um filho de família. É importante olhar para o presépio, para esta cena”.
Em uma periferia, em Nazaré, que começou a história mais santa, lembrando que Jesus permaneceu ali por 30 anos, seguindo Seu caminho naquela família, com Maria e José.
Embora alguns possam achar que foi um desperdício Jesus passar 30 anos naquela periferia, destaca o contrário, pois o convívio familiar era o que importava naquele momento. “Os caminhos de Deus são misteriosos. Mas aquilo que era importante ali era a família! E isto não era um desperdício! Eram grandes santos: Maria, a mulher mais santa, imaculada, e José, o homem mais justo… A família”.
Contemplar a Sagrada Família é contemplar a missão da família, fazer com que se torne comum o amor; não o ódio.

“Cada família cristã, como Maria e José, pode, antes de tudo, acolher Jesus. Escutá-Lo, falar com Ele, protegê-Lo, crescer com Ele e assim melhorar o mundo. Demos espaço no nosso coração e na nossa jornada ao Senhor. Assim fizeram Maria e José, e não foi fácil. Quanta dificuldade tiveram de superar!”.
Chama à atenção, de modo especial, a realidade da família, a Sagrada Família de Nazaré: Jesus, Maria e José. Deus, que é Todo-Poderoso, poderia inventar outras formas para Seu Filho vir ao mundo e salvá-lo, mas quis que tudo acontecesse pelo meio mais comum, ou seja, uma família humana, com tudo o que isso significa: casa, trabalho, afeto, dificuldades mil, enfermidades, vizinhança, envolvimento com a sociedade e daí por diante.

No entanto, esta família foi pensada justamente no céu, no seio da Trindade, para ser um de seus mais lindos reflexos aqui na terra. Ela é “sagrada”. Tudo o que faz parte do plano de Deus tem esta sacralidade característica. O sagrado é “separado” do resto e preservado pelo seu imenso valor, enquanto portador de tesouros destinados ao bem de todos os filhos do Senhor. 
Sagrada é aquela família pela presença de Maria, Virgem e Mãe, Escrava do Senhor, a qual se deixou revestir da Palavra de Deus, pronta a servir e amar, discípula de seu próprio Filho, esposa, mãe e viúva, mulher forte como a vemos aos pés da cruz, mulher da prece e do louvor no testemunho do Magnificat. Sagrada é a família, porque é conduzida por José, homem elogiado por uma expressão riquíssima de significado na Escritura: “justo”, o oposto do ímpio. Nenhuma palavra sua foi registrada na Bíblia, mas o que ele fez, as sábias decisões tomadas para ser fiel a Deus, tudo resume a altura a que chegou aquele carpinteiro de Nazaré.

Todas as relações existentes numa família ali se encontram: responsalidade, paternidade, maternidade, filiação. O Pai do Céu certamente tinha algo a dizer quando assim constituiu a Família de Nazaré. “E Jesus, no limiar da sua vida pública, realiza o Seu primeiro sinal – a pedido de Sua Mãe – por ocasião de uma festa de casamento”. A Igreja atribui uma grande importância à presença de Jesus nas bodas de Caná. Ela vê, nesse fato, a confirmação da bondade do matrimônio e o anúncio de que, doravante, o matrimônio seria um sinal eficaz da presença de Cristo
Há um plano de Deus, revelado desde a criação, para a família. “O pacto matrimonial, pelo qual o homem e a mulher constituem entre si a comunhão íntima de toda a vida, ordenado por sua índole natural ao bem dos cônjuges e à procriação e educação da prole entre os batizados foi elevado por Cristo Senhor à dignidade de sacramento” (CIC 1601). 
Retornando a Nazaré, as famílias de nosso tempo, que desejam ser famílias e sagradas, são convidadas pela Igreja a se espelharem em Jesus, Maria e José. A leitura dos Evangelhos nos faz identificar uma família que reza (cf. Lc 2,41-42), busca a vontade do Pai (cf. Mt 1,18-24; Mt 2,13-23; Mc 3,33), enfrenta as dificuldades, como a falta de hospedagem em Belém ou a perseguição de Herodes (cf. Lc 2,1-7; Mt 2,13-18), trabalha (“não é este o carpinteiro, o filho de Maria?” – Mc 6,3), enfrenta a dura realidade da Cruz (“Junto à Cruz de Jesus, estavam de pé sua mãe e a irmã de sua Mãe, Maria de Cléofas, e ainda Maria Madalena” – Jo 19,25). Os laços familiares ainda estarão presentes na preparação da vinda do Espírito Santo, após a Ressurreição e a Ascensão, em oração, junto aos discípulos de Jesus (cf. At 1,14). 

O papel dos pais na vocação dos filhos
Os pais preparam as vocações de seus filhos, ajudando-os a descobrir o plano de amor de Deus, com generosa dedicação. 
“Quando os cônjuges se dedicam generosamente à educação dos filhos, guiando-os e orientando-os no descobrimento do plano de amor de Deus, preparam esse fértil terreno espiritual no qual florescem e amadurecem as vocações ao sacerdócio e à vida consagrada”. 

Uma família cristã é geradora de vocações para Igreja
O despertar das vocações acontece com mais naturalidade em uma família que ensina os valores cristãos. 
Quando a família é engajada na Igreja e a comunidade tem espiritualidade, está feita a ponte para a realidade vocacional. "Uma família onde não se reza, onde se fala mal da Igreja, onde o Domingo é desrespeitado, onde se vai mais ao shopping do que à Igreja, onde não há nenhum envolvimento com Deus (…), pode até surgir vocações sim, mas é bem mais raro, por outro lado, as vocações proliferam onde existe a religião, daí a importância dos pais transmitirem a religião aos seus filhos".

O incentivo
Os pais devem incentivar as vocações, sem impor, mas dar apoio. "A vocação sempre é um chamado e uma resposta pessoal, mas cabe aos pais motivar, se alegrar e, vamos dizer, ajudar o desenvolvimento de uma vocação ou, eles mesmos, serem inspiração desta vocação".
Embora seja doloroso ver um filho sair de casa, é preciso apoiar sua decisão de seguir o chamado de Deus. "Se tiver alguém na família que é vocacionado é preciso dar apoio e confiar em Deus, rezar bastante para que ele siga o caminho, porque eles são felizes. Eles são felizes quando escolhem a vocação e aceitam o chamado. E, quando a família ajuda e não põe obstáculo, eles continuam em frente. Se Deus está chamando, eu acho que a gente não deve impedir não, e nem incentivar que desistam da idéia".
Lembra ainda a importância do período da infância. "Uma criança nasce religiosa, ela se encanta com a Eucaristia, se encanta com as histórias bíblicas, com a oração, com a pregação, então é um momento especial de transmissão, de estímulo vocacional".
"Depois vem a Catequese. É claro que os catequistas devem motivar vocações, e os sacerdotes fazer visitas à catequese, porque este é um momento especial de motivar as vocações em nossos filhos e filhas, enquanto ainda estão conosco na Igreja", destacou.
A importância da espiritualidade na família. "A oração, a espiritualidade dos pais em casa, os pais que falam bem dos sacerdotes, que participam de grupos de reflexão, de algum movimento. Esses pais já estão sendo pontes, sinalização para que a família seja uma motivadora, incentivadora de vocações".

ORAÇÃO À SAGRADA FAMÍLIA

Jesus, Maria e José,
em Vós, contemplamos
o esplendor do verdadeiro amor,
a Vós, com confiança, nos dirigimos.
Sagrada Família de Nazaré,
tornai também as nossas famílias
lugares de comunhão e cenáculos de oração,
escolas autênticas do Evangelho
e pequenas Igrejas domésticas.
Sagrada Família de Nazaré,
que nunca mais se faça, nas famílias, experiência
de violência, egoísmo e divisão:
quem ficou ferido ou escandalizado
depressa conheça consolação e cura.
Sagrada Família de Nazaré,
desperte em todos, a consciência
do caráter sagrado e inviolável da família,
a sua beleza no projeto de Deus.
Jesus, Maria e José,
escutai, atendei a nossa súplica.Amém.
  



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