Catequistas de Conquista

sábado, 7 de janeiro de 2017

Resumo e estudo do texto-base da Campanha da Fraternidade 2017

Resumo e estudo do texto-base da Campanha da Fraternidade 2017

Biomas são conjuntos de ecossistemas com características semelhantes dispostos em uma mesma região e que historicamente foram influenciados pelos mesmos processos de formação. No Brasil temos 06 biomas: a Mata Atlântica, a Amazônia, o Cerrado, o Pantanal, a Caatinga e o Pampa. Nesses biomas vivem pessoas, povos, resultantes da imensa miscigenação brasileira.
Os biomas brasileiros sofrem interferências negativas desde a chegada dos primeiros colonizadores ao Brasil, logo após Pero Vaz de Caminha ter escrito para o rei de Portugal afirmando que as “águas são muitas, infinitas. Em tal maneira graciosa (a terra) que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem”.
Os colonizadores começam a extração do pau-brasil obrigando por indígenas e negros, escravizados, a esta tarefa. Hoje, após mais de 500 anos daquela carta, o que restou da beleza natural descrita por Pero Vaz de Caminha?
A Igreja Católica há algum tempo, tem sido voz profética a respeito da questão ecológica. Neste início do terceiro milênio, ter uma população de mais de 200 milhões de brasileiros, sendo mais de 160 milhões vivendo em cidades gera sérias preocupações. O impacto dessa concentração populacional sobre o meio ambiente produz problemas que põem em risco as riquezas dos biomas brasileiros.
À luz da fé, nos interrogaremos nas reflexões desta Campanha da Fraternidade de 2017 sobre o significado dos desafios apresentados pela situação atual dos biomas e dos povos que neles vivem. E abordaremos as principais iniciativas já existentes para a manutenção de nossa riqueza natural básica. Apontaremos propostas sobre o que podemos e devemos fazer em respeito à criação que Deus nos deu para cultivá-la e guardá-la.
CAPÍTULO I – VER – OS BIOMAS BRASILEIROS
bioma-amazonia-principal-700x321 Resumo e estudo do texto-base da Campanha da Fraternidade 2017
BIOMA AMAZÔNIA: LOCALIZAÇÃO
A Amazônia, maior bioma do Brasil, ocupa 61% do território nacional – formado pelos estados da região norte: Acre, Amapá, Amazonas, Pará e Roraima, Rondônia e Tocantins. A Lei n. 1806 de 1953 inseriu neste bioma os estados do Mato Grosso e Maranhão, criando a Amazônia Legal.
CARACTERÍSTICAS NATURAIS BIODIVERSIDADE
O bioma Amazônia é marcado pela maior hidrográfica de água doce do mundo, a bacia amazônica. Seu principal rio, o Amazonas, lança no Oceano Atlântico cerca de 175 milhões de litros d´água a cada segundo, levando nas águas material orgânico e sedimentos que geram no oceano biodiversidade marinha, colaborando para a temperatura do planeta. Também há o rio aéreo (evapotranspiração) que leva água em forma de vapor pela região Centro-Oeste, Sul, Sudeste do Brasil.
A vegetação característica do bioma Amazônia é de árvores altas. Nas planícies que acompanham o Rio Amazonas e seus afluentes, encontram-se as matas de várzeas (periodicamente inundadas) e as matas de igapó (permanentemente inundadas). Estima-se que esse bioma abrigue mais da metade de todas as espécies vivas do Brasil.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE/2016) houve redução no processo de desmatamento da Amazônia, contudo, ainda continua e são mais de 700.000 quilômetros quadrados de desmatamento que continua a crescer. Nesta região vivem aproximadamente 24 milhões de pessoas, sendo que 80% delas nas áreas urbanas, sem saneamento básico e outras mazelas.
SOCIODIVERSIDADE DO BIOMA AMAZÔNIA
Há décadas os conflitos pelo território deste bioma geram mortes. Os conflitos e a violência contra os trabalhadores do campo se concentram de forma expressiva na Amazônia, para onde avança o capital tanto nacional como internacional. O manejo florestal passou a ser uma atividade na qual foram inúmeras as denúncias de trabalho escravo.
A expropriação privada de grandes áreas de terra continua sendo a principal causa de desmatamento. A pecuária é a principal atividade implantada nas áreas recentemente desmatadas. A construção de grandes hidrelétricas e atividades de mineração são responsáveis por boa parte dos danos ambientais e sociais nas comunidades.
CONTEXTUALIZAÇÃO POLÍTICA
O problema fundamental da Amazônia é o modelo de desenvolvimento adotado para a região. A disputa pelas riquezas faz com que a legislação flutue conforme os interesses das corporações econômicas que atuam na região.
A concentração urbana indica que a vida na floresta muitas vezes é inviabilizada para as populações originárias e tradicionais. Todas as lutas indígenas, de ribeirinhos, de quilombolas é sempre um passo a cada dia para manter seus territórios. Porém, mesmo contra a corrente do modelo, é graças a essas populações que ainda temos grande parte da floresta em pé.
CONTRIBUIÇÃO ECLESIAL
A Igreja Católica na Amazônia Legal vive e cresce no enraizamento na sabedoria tradicional e na piedade popular que durante séculos mantém viva a fé e a espiritualidade do povo da floresta. Diversos leigos, sacerdotes, religiosos (as) derramaram seu sangue em nome da dimensão sociotransformadora da fé, cuja defesa dessas populações e do meio ambiente foram seu principal esforço.
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BIOMA CAATINGA: LOCALIZAÇÃO
A Caatinga, cujo nome é de origem indígena e significa “mata clara e aberta”, encontra-se envolvida pelo clima semiárido entre a estreita faixa da Mata Atlântica e o Cerrado.  É um bioma exclusivamente brasileiro, que abrange territórios de 8 estados do Nordeste e o Norte de Minas Gerais, onde vivem 27 milhões de pessoas.
CARACTERÍSTICAS NATURAIS – BIODIVERSIDADE
A Caatinga apresenta uma grande riqueza de ambientes e espécies, que não é encontrada em nenhum outro bioma. A seca, a luminosidade e o calor característicos de áreas tropicais resultam numa vegetação de savana estépica, espinhosa e decidual (quando as folhas caem em determinada época). Há também áreas serranas, brejos e outros tipos de bolsão climático mais ameno.
Esse bioma está sujeito a dois períodos secos anuais: um de longo período de estiagem, seguido de chuvas intermitentes e um de seca curta seguido de chuvas torrenciais (que podem faltar durante anos). Dos ecossistemas originais da caatinga, 80% foram alterados, em especial por causa de desmatamentos e queimadas.
Com 70% do seu subsolo formado por rochas cristalinas, o bioma Caatinga tem poucas nascentes e rios perenes, portanto, poucos aquíferos. Com o que diz respeito à fauna, o bioma Caatinga abriga 178 espécies de mamíferos, 591 tipos de aves, 177 tipos de répteis, 79 espécies de anfíbios, 241 classes de peixes e 221 espécies de abelhas.
OS POVOS ORIGINÁRIOS E A CULTURA – SOCIODIVERSIDADE
Aproximadamente 40% da população do Bioma Caatinga ainda está no meio rural, sendo considerada a região mais ruralizada do Brasil. Entretanto, a ampliação dos centros urbanos médios e pequenos na Caatinga crescem, como em todas as regiões do Brasil e padecem dos mesmos problemas de saneamento, violência e outros males dos centros urbanos brasileiros.
A BELEZA, AS FRAGILIDADES E OS DESAFIOS DO BIOMA CAATINGA
A caatinga, por ser uma vegetação geralmente baixa, favorece a apicultura. É também  a vegetação baixa o melhor alimento para a criação de animais de pequeno e médio porte como cabras, ovelhas e outros adaptados ao clima semiárido.
Este bioma tem sido agredido pelas queimadas e pelo desmatamento para plantio de culturas que raramente se adaptam adequadamente como o caso do ciclo do algodão. Outras causas do desmatamento são o gado bovino solto nas caatingas e a geração de madeira para a indústria de gesso e para as carvoarias. O desmatamento gera a desertificação provocada pela economia irresponsável e predadora.
CONTEXTUALIZAÇÃO POLÍTICA
A partir da década de 90 do século passado foi abandonada a ideia de lutar contra a seca – característica do bioma caatinga – e passou-se a difundir a ideia de aprender a conviver com o semiárido. Esta mudança de ideia promoveu a captação da água da chuva para beber, da defesa dos territórios das comunidades tradicionais e indígenas, valorização da cultura local, dos saberes dos povos caatingueiros, do aproveitamento da energia solar, dos ventos e outros potenciais da região. Também se expandiu a rede de infraestrutura social, como energia elétrica, adutoras, telefonia, internet, etc. Contudo, há ainda a debilitada infraestrutura da saúde, violência no campo e a presença das drogas nas cidades interioranas. A insegurança no campo tem provocado a migração para as áreas urbanas.
CONTRIBUIÇÃO ECLESIAL
As festas de São João, rodas de São Gonçalo, celebrações da Quaresma e Semana Santa são marcas da religiosidade popular da caatinga. Padre Ibiapina, um cearense, aproveitou-se desta religiosidade popular para implantar várias resoluções dos problemas do povo. Ainda no século XIX ele concretizou a captação da água das chuvas nas cisternas nas casas da Caridade, onde se acolhiam enfermos, mulheres grávidas e viajantes.
Seguiram os passos do religioso cearense o padre Cícero e muitos de seus discípulos que souberam acolher o povo liberto da escravidão e remanescentes indígenas, fundando comunidades como Caldeirão no Crato (CE) e Canudos (BA).
Atualmente se observa que a vida de fé das comunidades cristãs neste bioma é marcada pela piedade popular, que se caracteriza pela devoção e pelas romarias nos expressivos santuários da região, como Bom Jesus da Lapa (BA), Santuário Frei Damião (PB), Santuário de São Francisco, em Canindé (CE), etc. Não podemos deixar de citar que experiências da ação evangelizadora como a Campanha da Fraternidade e CEBs, surgiram na região Nordeste.
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BIOMA CERRADO: LOCALIZAÇÃO
O Cerrado tem duas estações climáticas bem definidas: chuvosa e seca. O solo, de composição arenosa, é considerado o bioma brasileiro mais antigo. Sua vegetação é encontrada na região Centro-Oeste e também na região oeste de Minas Gerais e das regiões sul do Maranhão e do Piauí. Nesta área vivem 22 milhões de pessoas.
CARACTERÍSTICAS DO CERRADO
É no Cerrado que está a nascente das três maiores bacias da América do Sul (Amazônica/Tocantins, São Francisco e Prata), o que resulta em elevado potencial aquífero e grande biodiversidade. Esse bioma abriga mais de 6,5 mil espécies de plantas já catalogadas.
No Cerrado predominam formações da savana e clima tropical quente subúmido, com uma estação seca e uma chuvosa e temperatura média anual entre 22°C e 27°C.
Além dos planaltos, com extensas chapadas, existem nessas regiões florestas de galeria, conhecidas como mata ciliar e mata ribeirinha, ao longo do curso d’água e com folhagem persistente durante todo o ano; e a vereda, em vales encharcados e que é composta de agrupamentos da palmeira buriti sobre uma camada de gramíneas (estas são constituídas por plantas de diversas espécies, como gramas e bambus).
CERRADO – CAIXA D’ÁGUA DO BRASIL
Embora o Cerrado não produza água, ele acumula as águas das chuvas em seu subsolo poroso, principalmente as vindas dos “rios aéreos” amazônicos. Assim, os biomas Amazônico e Cerrado se unem perfeitamente para a produção e distribuição da água para o Brasil.
BIODIVERSIDADE
O conjunto de todos os seres vivos do bioma Cerrado representa 5% da fauna mundial. A alta diversidade de ambientes se reflete em uma elevada riqueza de espécies vegetais (23.000) e animais (320.000), sendo que 90.000 são de insetos. Entretanto há que se alertar que das 427 espécies listadas em risco de extinção, 132 estão no Cerrado.
OS POVOS ORIGINÁRIOS E A CULTURA – SOCIODIVERSIDADE
Os indígenas, primeiros habitantes do Cerrado, junto com os camponeses, constituem os grupos importantes no Cerrado. Denomina-se camponês aquele agricultor que possui autoidentidade reconhecida como povos e comunidades tradicionais. São eles os guardiões do patrimônio ecológico e cultural deste bioma.
BELEZA, FRAGILIDADES E DESAFIOS DO BIOMA CERRADO
É o bioma Cerrado que abastece a bacia do Rio São Francisco. Um bioma tão antigo mostra-se frágil em sua capacidade de resistência e regeneração. A mão humana pode extinguir rapidamente um dos biomas mais antigos da face da terra.
REALIDADE POLÍTICA E OS DESAFIOS DO CERRADO
Com o pretexto da defesa e preservação da Amazônia, avança sobre o Cerrado a ocupação desordenada em vista da exploração econômica, com a destruição da biodiversidade e ameaça à vida e à cultura dos povos originários e comunidades tradicionais. Amparados por decisões governamentais de caráter duvidoso, o agronegócio avança sobre o bioma cerrado, principalmente para exploração do solo e aproveitamento desordenado das águas no subsolo. O agronegócio produz amplo desmatamento, sequestram a terra dos povos e comunidades tradicionais, modificam a química do solo, além de alterar o regime das águas, trazendo grande prejuízo a todo o território brasileiro. O que é preocupante é que o Cerrado, uma vez destruído, não se reconstitui.
O cerrado é o ecossistema brasileiro que mais sofreu alteração com a ocupação humana. A atividade garimpeira, por exemplo, intensa na região, contaminou os rios de mercúrio e contribuiu para seu assoreamento. A mineração favoreceu o desgaste e a erosão dos solos. Nos últimos 30 anos, a pecuária extensiva, as monoculturas e a abertura de estradas destruíram boa parte do cerrado. Hoje, menos de 2% está protegido em parques ou reservas.
CONTRIBUIÇÃO ECLESIAL
A Igreja Católica está empenhada na aprovação da Proposta de Emenda Constitucional –PEC 115/150 -, que inclui o Cerrado e a Caatinga como Patrimônios Nacionais. Também produz material popular para ativar a consciência da preservação ambiental junto às comunidades.
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BIOMA MATA ATLÂNTICA: LOCALIZAÇÃO
A Mata Atlântica abrangia  uma área equivalente a 1.315.460 quilômetros quadrados e estendia-se originalmente por 17 estados. Hoje restam 8,5% de remanescentes florestais. Atualmente, somados todos os fragmentos de floresta acima de 3 hectares, temos 12,5% da sua área original.
Desde o descobrimento do Brasil a Mata Atlântica vem sendo destruída. O pau-brasil, característico dela, foi o principal alvo da extração e exploração daqueles que colonizavam o Brasil.
Os relatos antigos falam de uma floresta aparentemente intocada, apesar de habitada por vários povos indígenas. Hoje a concentração urbana neste bioma abriga a maioria das capitais litorâneas e regiões metropolitanas. Nestas regiões o saneamento básico ainda é um sonho para muitos.
CARACTERÍSTICAS NATURAIS – BIODIVERSIDADE
Seu principal tipo de vegetação é a floresta normalmente composta por árvores altas e relacionada a um clima quente e úmido. A Mata Atlântica já foi um dos mais ricos e variados conjuntos florestais pluviais da América do Sul, mas atualmente é reconhecida como o bioma brasileiro mais descaracterizado. Isso porque os primeiros episódios de colonização no Brasil e os ciclos de desenvolvimento do país levaram o homem a ocupar e destruir parte desse espaço.
Vivem na Mata Atlântica mais de 220 mil espécies de plantas, sendo 8 mil endêmicas (que existe somente em uma determinada área ou região geográfica); 270 espécies conhecidas de mamíferos; 992 espécies de aves; 197 répteis; 372 anfíbios; 350 peixes.
A pressão sobre a Mata Atlântica é histórica e ao longo do tempo muda de aspecto e aumenta em intensidade. Começa com a extração do pau-brasil, passa por vários ciclos econômicos de cana de açucar, café, ouro, fumo. A devastação total da araucária ocorreu a partir do século XX com a intensa exploração da agricultura e agropecuária, assim como a expansão urbana desordenada.
OS POVOS ORIGINÁRIOS E A CULTURA – SOCIODIVERSIDADE
Originalmente, os povos Tamoio, Temininó, Tupiniquim, Caetés, Tabajara, Potiguar, Pataxó e Guarani ocupavam esse imenso território litorâneo. Foram eles os primeiros a sofrerem com a chegada dos colonizadores. Os brancos além de espelhar doenças, usaram os índios como escravos e soldados nas guerras.
Hoje, milhares de comunidades tradicionais pesqueiras dependem dos manguezais para sua reprodução física e cultural. Para as comunidades pesqueiras o manguezal não é apenas um lugar que se retira o sustento, mas é espécie de lugar sagrado. Há um rito de profundo respeito às águas, a lama, ao cheiro, a fauna e flora existentes nos manguezais de modo que se institui uma linguagem própria e uma cosmovisão específica da criação.
Entre as interferências no processo cultural do bioma Mata Atlântica estão as empresas nacionais e transnacionais. Elas investem na monocultura do eucalipto, o que provoca, em vários estados brasileiros, o “deserto verde”.
Outra situação preocupante  é que grande parte do que resta da Mata Atlântica está nas mãos de proprietários particulares, que precisam ser conscientizados sobre a necessidade da preservação do bioma Mata Atlântica.
A BELEZA, AS FRAGILIDADES  E OS DESAFIOS DO BIOMA MATA ATLÂNTICA
Das 633 espécies de animais ameaçados de extinção no Brasil, 383 ocorrem na Mata Atlântica. Junto a esta preocupação estão as grandes cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Porto Alegre e outras que padecem de desmoronamentos e a falta de saneamento básico. A concentração populacional na área urbana leva à ocupação em áreas de risco, de mananciais e encostas de morros. Os serviços de tratamento de esgoto, resíduos sólidos ainda são muito precários o que aumenta a degradação do ambiente. O maior problema deste e de outros biomas são as consequências de um modelo econômico que para gerar riqueza tem que concentrar pessoas e destruir o ambiente no qual se insere.
CONTEXTUALIZAÇÃO POLÍTICA
A ganância capitalista, conivência do poder público e falta de consciência ecológica tem provocado a degradação do meio ambiente e a expulsão de diversas comunidades. A ausência do saneamento básico é outra grave ameaça. Grande parte dos esgotos das residências de áreas urbanas e rurais é despejada diretamente nos rios, no mar e nos mangues.
A falta do comprometimento político em relação ao uso e ao cuidado da água tem gerado consequências sentidas pela população nestes últimos anos com a baixa do espelho d´água em muitos reservatórios (represas) e consequente racionamento do líquido da vida.
CONTRIBUIÇÃO ECLESIAL
Com a chegada dos primeiros missionários jesuítas, Padre Manoel da Nóbrega, José de Anchieta e outros, deu-se início ao processo de aldeamento, a construção de conventos e colégios. Também outras ordens religiosas e congregações deram a sua contribuição: os franciscanos, beneditinos, carmelitas e outros.
Não podemos deixar de lembrar também das pastorais sociais, com atuação nos diversos seguimentos da sociedade, defendendo a vida, nas várias instâncias em que ela é ameaçada pelo modelo econômico em desenvolvimento.
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BIOMA PANTANAL: LOCALIZAÇÃO
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, o bioma Pantanal é considerado uma das maiores extensões úmidas contínuas do planeta. O Pantanal é um bioma praticamente exclusivo do Brasil, pois apenas uma pequena faixa dele adentra outros países (o Paraguai e a Bolívia).
CARACTERÍSTICAS NATURAIS – BIODIVERSIDADE
O BIOMA Pantanal é caracterizado por inundações de longa duração (devido ao solo pouco permeável) que ocorrem anualmente na planície, e provocam alterações no ambiente, na vida silvestre e no cotidiano das populações locais. A vegetação predominante é a savana. A cobertura vegetal original de áreas que circundam o Pantanal foi em grande parte substituída por lavouras e pastagens, num processo que já repercute na Planície do Pantanal.
Esse bioma é muito influenciado pelos regimes dos rios presentes nesses lugares, pois, durante o período chuvoso (outubro a abril), a água do pantanal alaga grande parte da planície da região. Quando o período chuvoso acaba, os rios diminuem o seu volume d’água e retornam para os seus leitos. Por essa razão, a vegetação e os animais precisam adequar-se a essa movimentação das águas. Todos esses fatores tornam a vegetação do pantanal muito diversificada, havendo exemplares higrófilos (adaptados à umidade), plantas típicas do Cerrado e da Amazônia e, nas áreas mais secas, espécies xerófilas. A fauna é constituída por várias espécies de aves, peixes, mamíferos, répteis etc.
OS POVOS ORIGINÁRIOS E A CULTURA  – SOCIODIVERSIDADE
Quando chegaram os primeiros colonizadores, 1,5 milhões de indígenas habitavam a região. Hoje, esta população é muito pequena e grande parte dos indígenas remanescentes vive em cidades da região ou trabalham nas fazendas. Outra pequena parte reside numa área indígena do Pantanal.
Hoje, a população no pantanal brasileiro é de aproximadamente 1.100.000 pessoas.
A BELEZA, AS FRAGILIDADES E OS DESAFIOS DO BIOMA PANTANAL
Durante a cheia, os rios, lagos e riachos ficam interligados por canais e lacunas ou desaparecem no mar de águas permitindo o deslocamento de espécies. Esse processo é um dos principais responsáveis pela constante renovação da vida e pelo fornecimento de nutrientes. Na época da seca formam-se então lagoas e corixos isolados, os quais retêm grandes quantidades de peixes e plantas aquáticas. Vale lembrar que o Pantanal é uma das áreas mais importantes para aves aquáticas e espécies migratórias, como abrigo, fonte de alimentação e reprodução.
A expansão desordenada e rápida da agropecuária, com a utilização de pesadas cargas de agroquímicos, a exploração de diamantes e de ouro nos planaltos, com a utilização intensiva de mercúrio, são responsáveis por profundas transformações regionais. A mineração ativa na região podem afetar os lençóis freáticos que abastecem os rios, córregos e poços, contaminando a água.
O tráfico, a caça e a venda de peles, couro ou artefatos provenientes de animais silvestres são práticas que, embora ilegais, ainda ocorrem. Várias espécies de animais já estiveram ameaçadas de extinção. As situações mais conhecidas nacional e internacionalmente são o jacaré do pantanal e a onça.
CONTEXTUALIZAÇÃO POLÍTICA
A falta de visão e políticas integradas para o Pantanal, que considerem as necessidades essenciais das populações locais resulta em ações isoladas e com pouca repercussão em sua totalidade. Além disso, as principais demandas sociais vão sendo postas em segundo plano.
CONTRIBUIÇÃO ECLESIAL
Para a Igreja Católica, o bioma Pantanal não representa somente um santuário ecológico onde se preservam espécies, mas sim um lugar onde o ser humano faz uma profunda experiência de Deus, da natureza e do outro.  Atuam na região com expressivo empenho o Conselho Indigenista Missionário, Cáritas, Pastoral da Criança, Pastoral da Saúde, Comunidades Eclesiais de Base, etc. Estas ações da Igreja na região do Pantanal dedicam especial atenção aos povos originários, ribeirinhos e pantaneiros.
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BIOMA PAMPA: LOCALIZAÇÃO
O bioma pampa está presente, no Brasil, somente no Rio Grande do Sul, ocupando 63% do território do Estado. Ele constitui os pampas sul-americanos, que se estendem pelo Uruguai e pela Argentina e, internacionalmente, são classificados de Estepe. O pampa é marcado por clima chuvoso, sem período seco regular e com frentes polares e temperaturas negativas no inverno.
Esse bioma é bastante influenciado pelo clima subtropical e pela formação do relevo, que é constituído principalmente por planícies. Em virtude do clima frio e seco, a vegetação não consegue desenvolver-se, sendo constituída principalmente por gramíneas, como capim-barba-de-bode, capim-gordura, capim-mimoso etc.
Esse tipo de paisagem apresenta dois tipos bem definidos:
01 – Campos Limpos – Ocorrem quando a vegetação não apresenta arbustos, ganhando uma paisagem mais homogênea, sem diferenças muito grandes entre uma parte e outra.
02 – Campos sujos – Ocorrem quando há uma maior presença desses arbustos, que se misturam à paisagem.
CARACTERÍSTICAS NATURAIS – BIODIVERSIDADE
A vegetação predominante do pampa é constituída de ervas e arbustos, recobrindo um relevo nivelado levemente ondulado. Formações florestais não são comuns nesse bioma e, quando ocorrem, são do tipo floresta ombrófila densa (árvores altas) e floresta estacional decidual (com árvores que perdem as folhas no período de seca).
As estimativas indicam valores em torno de três mil espécies de plantas. A fauna é expressiva, com quase 500 espécies de aves. Também ocorrem mais de 100 espécies de mamíferos. O vento é uma das características marcantes do cenário dos pampas.
A progressiva introdução e expansão das monoculturas e das pastagens com espécies exóticas têm levado a uma rápida degradação e descaracterização das paisagens naturais do bioma Pampa. Estimativas de perda de habitat dão conta de que em 2002 restavam 41,32% e em 2008 restavam apenas 36,03% da vegetação nativa do Bioma Pampa.
OS POVOS ORIGINÁRIOS E A CULTURA – SOCIODIVERSIDADE
Os primeiros europeus a ocupar o Rio Grande do Sul foram os jesuítas espanhóis vindos do Paraguai que fugindo dos bandeirantes paulistas se estabeleceram na parte noroeste do estado trazendo indígenas e gado bovino. Esse gado recém-chegado era criado solto. Não havia nenhum rigor ou cuidado especial já que muito bem adaptado o gado crescia livre alimentando-se de vastas pastagens.
No século XVIII os negros chegam ao Rio Grande do Sul, participando das lavouras de trigo, nas charqueadas e nas estâncias de criação, assim como a ocupação da região da campanha pelos portugueses devido ao tratado de Madri.
A partir do século XIX iniciou-se o cercamento dos campos, provocando importantes mudanças no modo de vida do gaúcho. Surgem as fazendas, o que muda as relações familiares. Também o caráter principal da subsistência cede lugar à fazenda com função comercial.
A mulher tem assumido seu papel na conservação do Pampa. Em épocas passadas elas eram responsáveis pelas lidas domésticas, alimentação da família e cuidado com os filhos. As mulheres dos peões além de trabalharem em suas casas também trabalhavam na casa dos patrões e muitas ainda na agricultura para autoconsumo.
Atualmente, muitas mulheres rurais nos Pampas são responsáveis e mantenedoras da economia doméstica, organizando-se em cooperativas, lidando com a pecuária de leite, artesanato, etc. Também muitas delas são conhecedoras das ervas medicinais e dos processos de curas naturais auxiliando na preservação dos recursos naturais.
A ovinocultura, tanto pelo uso da carne como da lã, ainda é a mais forte tradição da região Pampa, mas sua principal atividade continua sendo a criação do gado bovino. O chimarrão, o churrasco, a música de fronteira, são riquezas que permanecem mesmo em tempos da industria cultural
A BELEZA, AS FRAGILIDADES E OS DESAFIOS DO BIOMA PAMPA
Esse bioma é bastante influenciado pelo clima subtropical e pela formação do relevo, que é constituído principalmente por planícies. Em virtude do clima frio e seco, a vegetação não consegue desenvolver-se, sendo constituída principalmente por gramíneas, como capim-barba-de-bode, capim-gordura, capim-mimoso etc. São exemplos de animais que vivem nesse bioma o veado, garça, lontras, capivaras e outros.
Entre os desafios e as fragilidades do bioma Pampa estão as iniciativas governamentais que contrariam a vocação natural da região para a pecuária e o turismo. Estas iniciativas incluem grandes plantios de pinus e eucaliptos que causam impactos ambientais, tais como: alteração dos recursos hídricos; interferência no regime dos ventos e de evaporação.
Outras preocupações que ameaçam o bioma Pampa são a ampliação da área de soja, trigo e arroz e a cultura da mamona para a elaboração de biocombustível. Há ainda a antiga e constante ameaça da mineração e queima de carvão mineral, o que aumenta a incidência e frequência de doenças pulmonares.
CONTEXTUALIZAÇÃO POLÍTICA
É no Pampa que existe a grande maioria dos latifúndios do Rio Grande do Sul que, além da criação de gado, apostam na monocultura de eucalipto, acácia e pinus. Estes monocultivos são denominados pelos Movimentos Sociais de “Deserto Verde”, exatamente porque são extremamente nocivos ao meio ambiente, prejudicando a fauna e a flora originais do Pampa.
É importante destacar que, apesar de ser região latifundiária, há muitas famílias de pequenos agricultores, indígenas, quilombolas.
CONTRIBUIÇÃO ECLESIAL
A Igreja está presente na região desde a primeira evangelização, mas com características muito próprias. Foi ali que os missionários jesuítas fundaram “As Missões dos Sete Povos”. Nos últimos anos, seja pela presença das Pastorais Sociais, das Semanas Sociais, das Campanhas da Fraternidade, das CEBs, muito se valoriza a agricultura familiar, os territórios das comunidades tradicionais e os remanescentes indígenas.
CAPÍTULO II – JULGAR
NA SAGRADA ESCRITURA
A Sagrada Escritura  não se preocupa diretamente com os biomas. Contudo, oferece elementos que iluminam a temática a partir do projeto de Deus nela apresentado. Tal projeto inicia-se pela criação e organização do mundo. E conhece uma ruptura por causa do pecado. Seu verdadeiro significado é revelado em Cristo Jesus. A reflexão que segue está dividida nesses três momentos buscando apresentar que o mundo e as criaturas fazem parte desse projeto de Deus.
HARMONIA ORIGINAL: o mundo criado
A FÉ JUDAICO-CRISTÃ APONTA UM CAMINHO OBJETIVO: O MUNDO FOI CRIADO POR DEUS
A criação é apresentada em dois relatos. O primeiro apresenta a criação sendo realizada em sete dias (Gn 1,1-2,4a). Cada um dos seis primeiros dias tem em seu programa um elemento necessário para a continuidade da obra no outro dia (Gn 1,3-24). O sétimo dia tem como programa o descanso divino.  O segundo relato destaca Deus providenciando a chuva e para a fecundação da terra e só depois cria o homem e o coloca como guardião de toda obra criada.
A criação é obra prima das mãos de Deus (Salmo 8).  A acusação que a ordem de Deus “enchei a terra e submetei-a” (Gn 1,28) favoreceria a exploração selvagem da natureza se baseia em uma má compreensão do texto.  O Papa Francisco na encíclica Laudato SI explica que “cultivar” quer dizer proteger, cuidar, preservar, velar. Isso implica uma relação de reciprocidade responsável entre o ser humano e a natureza. A criação pertence a Deus  (Sl 24; Lv 25,23). O homem, que é imagem e semelhança de Deus, recebeu a vocação de cuidar e guardar com atenção dos seres que dela fazem parte.
A ALIANÇA ROMPIDA E O PECADO
As primeiras páginas do livro do Gênesis relatam também a triste realidade do pecado do homem (Gn 3,6). O ser humano provoca uma ruptura nas relações. A primeira relação a ser ferida é com Deus. As relações interpessoais também são afetadas (Gn 3,12-13). E a ruptura dos relacionamentos inclui o mundo criado (Gn 19; Ex 8-11; 2 Sm 24).
O relato do pecado afirma como consequência da queda a hostilidade da terra ao homem (Gn 3,19).
Aos profetas caberá a missão de denunciar o pecado confrontado com o plano de Deus e também a insistência para o valor do arrependimento (Am 5,4;. Os 14; Jr 3,12; Is 55,7; 57,15; Ez 18,23). Os profetas têm consciência plena de que as relações serão restauradas (Is 2,4; Is 60,18-19): “o lobo, então, será hóspede do cordeiro, o leopardo vai se deitar ao lado do cabrito, o bezerro e o leãozinho pastam juntos, uma criança pequena toca os dois(…) O bebê vai brincar no buraco da cobra venenosa (Is 11,6-8).
TEMPOS MESSIÂNICOS: restauração de tudo em Cristo
Quando se completou o tempo previsto, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sujeito à Lei, para resgatar os que eram sujeitos à Lei, e todos recebermos a dignidade de filhos (Gl 4,4-5). A iniciativa é sempre de Deus, porque o homem em si é incapaz de se reconciliar com seu Criador por suas próprias forças(2 Cor 5,18; Rm 5,10; Mt 6,9-13; Jo 20,17).
Jesus, nas suas mensagens catequéticas utiliza de elementos da criação (Jo 4,10-14; Mt 5,45; Jo 15;; Mc 4,1-20). Assim, por meio da contemplação da natureza o ser humano é convidado por Jesus a compreender que sua vida está nas mãos de Deus (Mt 6,28-29). Somente buscando o Reino de Deus em primeiro lugar o homem pode libertar-se do incansável desejo de possuir (Mt 6,33-34).
A redenção da criação é apresentada em Apocalipse 21-22 através da imagem da Jerusalém celeste. Antes disso, o livro do Apocalipse apresenta o desequilíbrio gerado pelo pecado do homem em toda a criação: rios poluídos (Ap 8,8); queimadas (Ap 8,7); terremotos (Ap 16,18); doenças (Ap 9,4-5). Quando tudo parece perdido, Deus age e coloca fim no sofrimento, fazendo surgir um novo céu e uma nova terra (Ap 21,1). Jesus reconstrói toda a criação e faz novas todas as coisas (Ap 21,5)
LAUDATO SI: ponto culminante de um caminho
A reflexão seguinte quer contribuir para conhecer o caminho de aprofundamento da consciência eclesial sobre a ecologia e para situar nele a encíclica Laudato Si. O desafio da convivência com os biomas, embora não seja tratado especificamente, se ilumina de modo particular com a reflexão a respeito da interligação de todas as criaturas.
BEATO PAULO VI: a tomada de consciência do desafio ecológico
O Beato Paulo VI iniciou a reflexão do magistério pontifício sobre ecologia na carta apostólica Octogesima Adveniens, em comemoração dos 80 anos da encíclica Rerum Novarum do papa João XXIII. Dizia Paulo VI que: “Não só já o ambiente material se torna uma ameaça permanente, poluições e lixo, novas doenças, poder destruidor absoluto; é mesmo o quadro humano que o homem não consegue dominar, criando assim, para o dia de amanhã, um ambiente global, que poderá tornar-se para a humanidade insuportável” (AO 21).
SÃO JOÃO PAULO II: ecologia e ética
A mensagem de São João Paulo II para o vigésimo terceiro Dia Mundial da Paz foi centrada no tema “Paz com Deus criador, paz com toda a Criação” (01/01/1990). Disse o Santo Papa polonês: “O gradual esgotamento da camada do ozônio e o consequente efeito estufa que ele provoca já atingiram dimensões críticas, por causa da crescente difusão das indústrias, das grandes concentrações urbanas e do consumo de energia. Lixo industrial, gases produzidos pelo uso de combustíveis fósseis, desflorestamento imoderado” (…) “tudo isto, como se sabe é nocivo para a atmosfera e para o ambiente”.
Em sua encíclica Centesimus Annus (01/05/1991) São João Paulo II considera que o homem, tomado mais pelo desejo do ter e do prazer, do que pelo ser e crescer consome de maneira desordenada os recursos da terra e da sua própria vida. Segundo ele, a atenção à preservação dos habitat naturais das diversas espécies animais ameaçadas de extinção deve ir de mãos dadas com o respeito pela estrutura natural e moral, da qual o homem foi dotado. Para São João Paulo II a crise ambiental não é só científica e tecnológica, mas fundamentalmente moral.
BENTO XVI: a ecologia humana
Por diversas vezes o Papa Bento XVI foi apresentado como “o primeiro papa verde”. Em sua mensagem para o sexagésimo Dia Mundial da Paz (01/01/2007) ele retomou e consolidou a relação inseparável que existe entre ecologia da natureza, ecologia humana e ecologia social.
Na encíclica Caritas in Veritate (29/06/2009) Bento XVI recordou a urgência de uma solidariedade que leve a uma redistribuição mundial dos recursos energéticos, de modo que os próprios países desprovidos possam ter acesso a eles. Na audiência Geral de 26/08/2009 afirmou: “é indispensável converter o atual modelo de desenvolvimento global para uma maior e compartilhada assunção de responsabilidade em relação à criação: isso é exigido não só pelas emergências ambientais, mas também pelo escândalo da fome e da miséria”.
FRANCISCO: uma ecologia integral
No magistério do Papa Francisco aparece uma clara visão global, em continuidade com seus antecessores. Em sua exortação apostólica Evangelii Gaudium (24/11/2013) o pontífice argentino afirmou: “Nós, os seres humanos, não somos meramente beneficiários, mas guardiões das outras criaturas. Pela nossa realidade corpórea, Deus uniu-nos tão estreitamente ao mundo que nos rodeia que a desertificação do solo é como uma doença para cada um, e podemos lamentar a extinção de uma espécie como se fosse uma mutilação”.
O Papa Francisco diz que o tempo para encontrar soluções globais está acabando. Por isso percebeu o sumo pontífice que já era chegado o momento de produzir um documento oficial sobre a ecologia. E assim nasce a Laudato SI aos 24 de maio de 2015. Nesta, que é a primeira encíclica ecológica, o Papa indica como um dos eixos fundamentais da reflexão ecológica a relação íntima entre os pobres e a fragilidade do planeta. Tanto a natureza como os pobres são usados como formas para o lucro fácil: exploração da mão de obra barata e extração desenfreada dos recursos naturais, tudo em nome do lucro fácil disfarçado de progresso humano.
CONCLUSÃO
A reflexão sobre os biomas e os povos originários recebe uma rica iluminação da Palavra de Deus e do Magistério da Igreja. É preciso que a constatação das riquezas e dos desafios ligados ao tema da Campanha da Fraternidade seja levada à ação a partir de uma reflexão serena e profunda dos ensinamentos da tradição cristã.
A partir da fé cristã, é grande a contribuição que pode ser dada às questões da ecologia integral e, em particular, à convivência harmônica com os nossos biomas. Como afirma o Papa Francisco: “as convicções da fé oferecem aos cristãos – e, em parte, também a outros crentes – motivações importantes para cuidar da natureza e dos irmãos e irmãs mais frágeis”. (Laudato Si n.64).
CAPÍTULO III – AGIR
O agir da Campanha da Fraternidade de 2017 está em sintonia com a Doutrina Social da Igreja, principalmente com a encíclica Laudato SI e com a Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2016. Elas indicam a necessidade da conversão pessoal e social, dos cristãos e não cristãos, para cultivar e cuidar da criação. A encíclica Laudato Si propõe a ecologia integral como condição para a vida do planeta.
A Campanha da Fraternidade 2017 também está em sintonia com a celebração dos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Sob as bênçãos de Maria, rogamos a Deus para nos encorajar a fim de que possamos fazer ecoar nosso grito à sociedade brasileira e ao mundo que os biomas pedem socorro.
O AGIR NO BIOMA AMAZÔNIA
Precisa ser superada a ideia da Amazônia como terra a ser explorada. É preciso aprender com os povos originários e comunidades tradicionais a convivência com o meio ambiente. É preciso igualmente fortalecer as cooperativas, baseadas no agroextrativismo que gera renda para muitas famílias. Também é necessário fortalecer as políticas públicas por saneamento básico e transporte público de qualidade.
O AGIR NO BIOMA CAATINGA
A Caatinga é um bioma extremamente frágil. Nas últimas décadas 40 mil quilômetros quadrados deste bioma se transformaram em deserto por interferência do homem. Padre Cícero, em meados do século passado, deixou vários preceitos ecológicos que continuam atuais:
“Não derrube o mato e nem toque fogo no roçado. Não cace, deixe os bichos viverem. Não crie boi ou bodes soltos. Não plante em serra cima, faça uma cisterna para guardar água da chuva. Plante a cada dia pelo menos um pé de árvore”.
Além dos preceitos do Padre Cícero é preciso ainda retomar as discussões sobre a realidade urbana, principalmente em relação ao esgotamento sanitário. Ampliar o uso de cisternas para captação das águas da chuva e desenvolver a captação da energia solar e uso da energia eólica. Reforçar a luta pela demarcação dos territórios indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais. Trazer para as escolas o estudo sobre um correto entendimento do bioma caatinga para que as pessoas ali residentes aprendam a conviver e superar os desafios da seca.
O AGIR NO BIOMA CERRADO
Promover o intercâmbio entre as comunidades locais. Fortalecer a agricultura familiar e a preservação e recuperação das frutas e das ervas medicinais. Reforçar a campanha promovida por diversas entidades cujo lema é: Cerrado, berço das águas: sem Cerrado, sem água, sem vida. Exigir controle mais rígido sobre o licenciamento de novos projetos de irrigação.
O AGIR NO BIOMA MATA ATLÂNTICA
Exigir do poder público a recuperação das áreas degradadas do bioma, como as matas ciliares e nascentes. Exigir que as políticas de saneamento básico sejam implantadas em toda a área urbanizada e rural do bioma Mata Atlântica. Cuidar das nascentes e dos rios. Apoiar as ações em defesa do bioma frente ao avanço das mineradoras que degradam e retiram riquezas. Denunciar os projetos econômicos imobiliários em áreas de Preservação Permanente (APP). Apoiar a produção agroecológica camponesa com base na agricultura familiar, como alternativa ao latifúndio e o agronegócio. Incentivar o consumo de produtos agroecológicos e sustentáveis da Economia Solidária.
O AGIR NO BIOMA PANTANAL
Dar visibilidade as populações pantaneiras com suas culturas e costumes. Apoiar os povos indígenas para garantir que suas terras ancestrais lhes sejam demarcadas, afastando os fazendeiros gananciosos da região. Promover campanhas de conscientização quanto ao descarte adequado dos resíduos sólidos e esgotos sanitários, para preservar os rios, lagos e igarapés. Promover a integração das lideranças indígenas e das populações tradicionais na luta pelas causas comuns. Assegurar a presença efetiva da Igreja na assistência espiritual às comunidades católicas indígenas.
O AGIR NO BIOMA PAMPA
É notório que o bioma Pampa está sendo ameaçado e tem seus ecossistemas modificados, Por esta razão, propomos:
Incentivar ações que promovam o direito à vida e a cultura dos povos tradicionais que habitam o bioma. Conscientizar da necessidade de defender a biodiversidade animal e vegetal do bioma. Propor novos métodos de produção das áreas ocupadas pelo agronegócio através da recomposição da vegetação original e de cultivo agroecológico. Motivar a recuperação das fontes de água potável, rios, lagoas e banhados através de políticas de despoluição, replantio das matas ciliares e redefinição de seu uso. Exigir políticas públicas para o controle de exploração e comercialização da água, com incentivo ao controle social.
CONCLUSÃO GERAL
As indicações do agir não são de caráter geral. É importante que cada comunidade, a partir do bioma em que vive, e em relação com os povos originários desse bioma, faça o discernimento  de quais ações são possíveis e, entre elas quais são as mais importantes e de impacto mais positivo e duradouro. Para este discernimento é importante ouvir a mensagem do Papa Francisco proferida no dia 01/09/2016 no Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação. Francisco convida a renovar o diálogo sobre os sofrimentos que afligem os pobres e a devastação do meio ambiente. Para o Papa Francisco, é por nossa causa que milhares  de espécies já não dão glória a Deus com sua existência. É devido à atividade humana que o planeta continua a aquecer. Este aquecimento provoca mudanças climáticas que geram a dolorosa crise dos migrantes forçados. Os pobres do mundo, embora sejam os menos responsáveis pelas mudanças climáticas, são os mais vulneráveis e já sofrem os seus efeitos.
A Campanha da Fraternidade 2017, abordando a realidade dos biomas brasileiros e as pessoas que neles moram, deseja despertar as comunidades, famílias e pessoas de boa vontade para o cuidado e cultivo da casa comum. Cuidar da obra saída das mãos de Deus deveria ser um compromisso de todo cristão.
A criação é obra amorosa de Deus confiada a seus filhos e filhas. Nossa Senhora, Mãe de Deus e dos homens acompanhará as comunidades e famílias no caminho do cuidado e cultivo da casa comum no tempo quaresmal
Padre Tarcísio Spirandio

Campanha da Fraternidade 2017 Tema “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida”


A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) publicou o texto-base da Campanha da Fraternidade (CF) de 2017. Com o tema “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida” e o lema “Cultivar e guardar a criação” (Gn 2.15), a iniciativa alerta para o cuidado da criação, de modo especial dos biomas brasileiros.
Segundo o bispo auxiliar de Brasília (DF) e secretário geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, a proposta é dar ênfase a diversidade de cada bioma e criar relações respeitosas com a vida e a cultura dos povos que neles habitam, especialmente à luz do Evangelho. Para ele, a depredação dos biomas é a manifestação da crise ecológica que pede uma profunda conversão interior. “Ao meditarmos e rezarmos os biomas e as pessoas que neles vivem sejamos conduzidos à vida nova”, afirma.
Ainda de acordo com o bispo, a Campanha deseja, antes de tudo, que o cristão seja um cultivador e guardador da obra criada. “Cultivar e guardar nasce da admiração! A beleza que toma o coração faz com que nos inclinemos com reverência diante da criação. A campanha deseja, antes de tudo, levar à admiração, para que todo o cristão seja um cultivador e guardador da obra criada. Tocados pela magnanimidade e bondade dos biomas, seremos conduzidos à conversão, isto é, cultivar e a guardar”, salienta.
Além de abordar a realidade dos biomas brasileiros e as pessoas que neles moram, a Campanha deseja despertar as famílias, comunidades e pessoas de boa vontade para o cuidado e o cultivo da Casa Comum. Para ajudar nas reflexões sobre a temática são propostos subsídios, sendo o texto-base o principal.
Dividido em quatro capítulos, a partir do método ver, julgar e agir, o texto-base faz uma abordagem dos biomas existentes, suas características e contribuições eclesiais. Também traz reflexões sobre os biomas e os povos originários, sob a perspectiva de São João Paulo II, Bento XVI e o papa Francisco. Ao final, são apresentados os objetivos permanentes da Campanha, os temas anteriores e os gestos concretos previstos durante a Campanha 2017. 

Cartaz 

Para colocar em evidência a beleza natural do país, identificando os seis biomas brasileiros, o Cartaz da CF 2017 mostra o mapa do Brasil, em imagens características de cada região. Compõem também o cenário, como personagens principais, os povos originários; os pescadores e o encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, acontecido há 299 anos. Além da riqueza dos biomas, o cartaz quer expressar o alerta para os perigos da devastação em curso, além de despertar a atenção de toda a população para a criação de Deus.
Fonte:http://www.cnbb.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=19709:cnbb-apresenta-texto-base-da-cfe-2017&catid=114:noticias&Itemid=106

Centenário das aparições será celebrado em 2017

Centenário das aparições será celebrado em 2017

O Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em Portugal, está entre os santuários marianos mais tradicionais do mundo, com grande número de visitantes. O último levantamento, com dados referentes a 2014, aponta a visita de 5,6 milhões de peregrinos, vindos de 83 países.
A diocese de Leiria-Fátima prepara-se para celebrar, em 2017, os 100 anos das aparições de Nossa Senhora de Fátima aos três pastorinhos. As aparições, aliás, deram origem ao santuário, considerado um dos mais importantes do mundo e centro de propagação da devoção mariana.
Foto de: Thiago Leon / Santuário Nacional
Entronização Aparecida_3 - Thiago Leon Santuário Nacional
Santuário português durante comemorações de Nossa
Senhora de Fátima, no dia 13 de maio
Além da parceria com o Santuário de Nossa Senhora Aparecida, que permitiu a entronização da imagem de Fátima em Aparecida, em 2014, e da imagem de Aparecida em Fátima, uma série de atividades vem sendo realizada em preparação ao centenário, que será celebrado em maio de 2017.
O programa de preparação para o centenário teve início em 2010 e, desde então, tem contemplado inúmeras atividades pastorais, enfatizando cada um dos elementos fundamentais que brotam das três aparições do Anjo, em 1916, e das aparições de Nossa Senhora, entre maio e outubro de 1917.
Vários ciclos de palestras, exposições, cursos, concertos musicais, filmes já foram promovidos e continuarão acontecendo até o grande centenário, com o lema O meu Coração Imaculado conduzir-vos-á até Deus, já que o Imaculado Coração de Maria é o símbolo oficial do centenário das aparições de Nossa Senhora de Fátima.
Em entrevista à Agência Ecclesia, o coordenador da Comissão Organizadora do Centenário das Aparições de Fátima (1917-2017), padre Vítor Coutinho, ressaltou que os últimos dois anos das comemorações serão enriquecidos progressivamente com um rico conjunto cultural de atividades festivas, abrangendo atividades que vão desde a música clássica, passando pela música popular, peças de teatro, dança e peregrinações específicas.
De acordo com a agência de notícias católicas ACI, o Papa Francisco deverá participar das comemorações ao centenário das aparições em Fátima, em 2017.
A informação foi divulgada pela agência no início do mês, após confirmação do bispo de Leiria-Fátima, dom Antonio Augusto dos Santos Marto. O santuário local já havia sido visitado anteriormente pelos Papas Paulo VI (1967), João Paulo II (1982) e Bento XVI (2010).
Santuário de Fátima
O Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima nasceu a partir da devoção à Virgem de Fátima. No local onde Nossa Senhora apareceu para as três crianças foi construída uma capela, hoje conhecida como Capelinha das Aparições.

Além da capela, integram o complexo do Santuário o Recinto / Esplanada do Rosário, a Basílica de Nossa Senhora do Rosário e colunatas, casa de retiros de Nossa Senhora do Carmo e Reitoria, casa de retiros de Nossa Senhora das Dores e albergue para doentes, praça Pio XII e Centro Pastoral Paulo VI, Basílica da Santíssima Trindade, Capela do Lausperene e a Capela da Reconciliação. 
Foto de: Thiago Leon / Santuário Nacional
Entronização Aparecida_4 - Thiago Leon Santuário Nacional
Fiéis veneram imagem de Nossa Senhora de Fátima
em celebração festiva
O projeto do Santuário foi criado pelo arquiteto holandês Gerardus Samuel van Krieken e executado por João Antunes, arquiteto português. No dia 13 de maio de 1928, foi benzida a primeira pedra pelo arcebispo de Évora, dom Manuel Mendes de Conceição Santos. A sagração aconteceu no dia 7 de outubro de 1953. No ano seguinte, o Papa Pio XII concedeu o título de basílica ao Santuário de Fátima. 
História das aparições
As aparições de Nossa Senhora em Fátima começaram no dia 13 de maio de 1917, e tiveram como protagonistas três crianças que pastoreavam um pequeno rebanho, na Cova da Iria, freguesia de Fátima, concelho de Vila Nova de Ourém.
Lúcia de Jesus, de 10 anos, e seus primos Francisco e Jacinta Marto, de 9 e 7 anos, respectivamente, saíram de casa após rezar o terço para brincar nas imediações, onde construíam uma pequena casa de pedras.
Enquanto mexiam nas pedras, viram uma luz brilhante, parecida com um relâmpago. Decidiram ir embora, mas foram surpreendidos por outro clarão, que logo se transformou em uma senhora segurando um terço branco.
A Senhora disse as pastorinhos que era preciso rezar muito, convidando-os a voltar ao local durante cinco meses consecutivos, sempre no dia 13, no mesmo horário.
Elas então voltaram e, nos dias 13 de junho, julho, setembro e outubro, a Senhora apareceu novamente. No dia 19 de agosto, a aparição aconteceu em outro local.
Na última aparição, ocorrida no dia 13 de outubro, a Senhora apareceu para as crianças e um grupo de 70.000 pessoas. Ela afirmou ser a “Senhora do Rosário” e então pediu que ali fosse construída uma capela em sua honra.
Foto de: Reprodução
Pastorinhos - Reprodução
Registro dos três pastorinhos que
avistaram a Virgem Maria, em 1717
Após a aparição, o sol mudou de cor, ficando parecido com um disco de prata, e podia ser observado sem dificuldade. Além disso, girava sobre si mesmo como uma roda de fogo, parecendo aproximar-se da Terra. Cumpria-se, então, o que a Virgem havia anunciado às crianças nas aparições de julho e setembro.
A Virgem de Fátima voltou a aparecer para Lúcia, que já era uma religiosa de Santa Doroteia, em 10 de dezembro de 1925, 15 de fevereiro de 1926 e na noite de 13 para 14 de junho de 1929. Nessas aparições, ela pediu a devoção dos cinco primeiros sábados, para que rezasse o terço, meditasse os mistérios do Rosário, confessassem-se e recebessem a Sagrada Comunhão, em reparação aos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria. Ela também pediu a consagração da Rússia ao mesmo Imaculado Coração – repetindo o que já havia pedido em julho de 1917.
Anos depois, irmã Lúcia revelou que, entre abril e outubro de 1916, havia presenciado a aparição de um Anjo junto com os outros dois pastorinhos. O Anjo convidou-os à oração e à penitência.
Desde que aconteceram as aparições, o número de peregrinos em Cova da Iria só começou a aumentar. As peregrinações começaram a acontecer nos dias 13 de cada mês e foram intensificando-se, hoje ultrapassando os cinco milhões de visitas anuais.
Fonte: http://www.a12.com/editora-santuario/noticias/detalhes/centenario-das-aparicoes-sera-celebrado-em-2017

Ano Mariano para a Igreja no Brasil - 300 anos de bênçãos!

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Por misericórdia de Deus e ajudados pela sua Divina Providência, a Igreja no Brasil, caminha rumo ao tricentenário (1717 – 2017) do encontro da Imagem bendita de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, tirada das águas do Rio Paraíba do Sul nas redes de três pescadores daquela região. Entre eles estavam: Domingos Garcia, João Alves e Felipe Pedroso.
É motivo de júbilo e alegria celebrar com grande magnitude e solenidade tão distinto acontecimento em nossa pátria. A história do encontro da milagrosa Imagem de Aparecida se entrelaça com a história do Brasil, com a nossa tradição, com a nossa cultura e com nossos costumes e crença.

É um tempo favorável para contemplar Maria como modelo de fé e seguimento do Cristo.
A Igreja no Brasil está em festa! Por ocasião do Jubileu dos 300 anos do encontro da Imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) instituiu o Ano Nacional Mariano, que dará início em 12 de outubro de 2016, Solenidade da Padroeira do Brasil, concluindo-se no dia 11 de outubro de 2017. É um tempo favorável para contemplar Maria como modelo de fé e seguimento do Cristo


Muitas dioceses e paróquias do Brasil, desde o ano de 2014, se preparam para o grande Jubileu dos 300 anos. A imagem peregrina da Senhora Aparecida percorre o nosso imenso solo brasileiro, levando a todos o amor e a misericórdia de Deus. Por onde passa a milagrosa imagem da Mãe do Redentor, o povo aclama, saúda e homenageia a sua bendita padroeira, que por sua intercessão, lança sobre a nossa Pátria inúmeros benefícios, como também, copiosas e generosas graças do Céus.
O Brasil é abençoado pela sua Rainha e Padroeira, que desde o seu Santuário Basílica, olha com misericórdia os seus filhos e filhas, que acorrem à proteção do seu manto bendito. 

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Ao contemplar a pequenina Imagem da Senhora dos brasileiros, venerada no Santuário Nacional, em Aparecida, interior paulista, mergulhamos no amor infinito de Deus, pois quis Ele nos oferecer Sua própria Mãe. Somos filhos de Maria, e com ela participamos do Plano Divino da Copiosa Redenção.
A imagem, que desde o seu trono, impera e reina como soberana Rainha dos brasileiros, foi recolhida das águas do Rio Paraíba do Sul, que quer dizer “rio inútil”, por três pescadores, na segunda quinzena de outubro de 1717, de acordo com os escritos e documentos citados pelos historiadores da época.
A pequena e singela imagem é de barro “terracota”. Ao ser recolhida pelos pescadores, não tinha cabeça, essa fora achada depois e unida ao corpo. Sua tonalidade é castanho-escuro, lembrando a cor negra dos escravos. Isso se deve pelo fato de ser retirada do fundo do rio e ainda pelo picumã das velas acesas, quando venerada pelas famílias que rezavam e pediam sua proteção.

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Ao olharmos a querida imagem da Senhora Aparecida nos deparamos com uma primeira mensagem: sinais de uma mulher grávida. Nesse detalhe podemos mergulhar no infinito amor de Deus pela humanidade, pois o Verbo se fez carne e habitou entre nós. Deparamo-nos com o mistério da Encarnação de Jesus. “O Espírito Santo, que era estéril em Deus, isto é, não produzia outra pessoa divina, tornou-se fecundo em Maria” (Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria). Contemplamos assim o amor de Deus por cada um de nós, que no seio materno de Maria nos comunicou a primeira vinda de Jesus.

Outro aspecto apresentado pela imagem é sua cor negra. Maria se fez igual aos mais simples e humildes. Ela nos indica que a Redenção realizada por Jesus Cristo é universal, não se pode excluir ninguém, todos são filhos e filhas de Deus, vale para todas as pessoas. Somos convidados a contemplar e almejar a vida eterna, como nos ensina o Apóstolo e Evangelista João.
O leve sorriso presente na Imagem reflete o carinho e a alegria de Deus por cada um de nós.

Imagem relacionada

Muitos peregrinos, devotos e romeiros de Nossa Senhora Aparecida, acorrem ao seu Santuário Basílica, em Aparecida, cidade paulista, no Vale do Paraíba, para homenagear e render piedosa devoção a Mãe do Redentor, Mãe dos brasileiros, que confiando na sua maternal proteção e poderosa intercessão, buscam consolo em suas angustias e tribulações, refúgio nos momentos difíceis e uma verdadeira e singela devoção àquela que soube e quis fazer sempre a vontade de Deus.
Adentrar ao seu Santuário Basílica é um gesto visível e piedoso da grande devoção que os brasileiros e brasileiras têm por sua Rainha e Padroeira. São muitos os que se dirigem à capital mariana do Brasil, capital da fé e lugar de mística. Anualmente acorrem ao trono da Mãe Aparecida 12 milhões de pessoas, segundo as estatísticas oficiais do Santuário Nacional.

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O piedoso gesto de peregrinar ao Santuário tem as suas origens já no início da história do povo de Israel e do próprio cristianismo. Peregrinar significa colocar-se a caminho de um determinado lugar santo. Israel subia em peregrinação à Jerusalém para oferecer sacrifícios e honrar o nome de Deus no Santuário. Já Santa Helena, a mãe do Imperador Constantino, realizara, segundo os relatos atuais, a primeira peregrinação à Terra Santa, o destino foi o Santo Sepulcro.
 Peregrinar é um dos meios que nos faz pensar na conversão diária. Os cristãos caminham rumo à pátria definitiva, ou seja, a eternidade. O gesto de colocar-se em movimento é dizer que almejamos um encontro pessoal com Jesus Cristo.
Na história da Igreja vemos e numerosas peregrinações a lugares santos. Os fiéis peregrinavam à Roma, na Basílica do Apóstolo Pedro, e lá demonstravam sua veneração ao primado daquele a quem foi confiado a autoridade, sendo chefe do colégio apostólico. Daí deu-se o nome de Romeiros.
Aqui no Brasil existem muitas manifestações visíveis desse bonito e significativo gesto de peregrinar. São destinos variados e cheios de história, tradições e costumes.

Confiemos na poderosa ajuda da Mãe de Deus e nossa Mãe. Que Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, acolha com bondade as humildes e unânimes preces que lhe dirigimos. Confortados e esperançosos, na certeza da intercessão da nossa padroeira celestial, vivamos dia a dia, na presença de Deus, como filhos necessitados do seu amor e da sua misericórdia.
Seminarista Everton Vieira da Silva - everton@rmater.org.br
Seminário Missionário Arquidiocesano Redemptoris Mater - Brasília - DF
Associado da Academia Marial

Fonte:http://www.a12.com/santuario-nacional/formacao/detalhes/ano-mariano-para-a-igreja-no-brasil-300-anos-de-bencaos